quantos?

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10.10.11

A vida já não conta comigo, mas eu também já não conto com ela.


Já não choro em silêncio, sozinha ou escondida. Agora dou por mim consumida em soluços que embalam o meu corpo enquanto as lágrimas vão correndo, e quando não há lágrimas o soluçar continua, doí tanto, parece que tenho o corpo todo a arder. Fico assim durante horas, deitada, abraçada aos joelhos, torturada por memórias, músicas. Cada coisa, até a mais simples faz tudo cair de novo.
Acordar é a pior parte do dia não me consigo mentalizar, mal abro os olhos a realidade invade a minha mente, e de que me vale não sonhar se quando acordo volta tudo ao mesmo. Arrasto-me por todo o lado sem grande interesse, com acessos de mau humor repentinos, não quero falar, seja com quem for de que forma for, quero estar sozinha, com os minhas lembranças torturantes, com a minha nicotina e cafeína.
Os meus olhos dizem tudo, nem com isso me importo. Olho-me ao espelho e o meu aspecto já nada me diz, sinto-me mais leve, vazia, não me consigo concentrar, não me consigo rir. Não sinto falta de rir, aliás no lugar disso não sinto nada, apenas um nó na garganta que me prende as palavras.
Deixem-me ficar assim, só quero sossego e amor e já nem isso me quer. Vou mais uma vez por aí sozinha, prefiro a noite ao dia, esta transporta-me sem intenções, questiono-me qual será o dia em que me deito para dormir e não abro mais os olhos, e sinto-me aliviada por pensar assim. Agora é tudo indiferente, os dias passam por mim, não sou eu que passo por eles como habitualmente; ainda não sai deste patamar, e se eu desaparecesse será que alguém sentia falta? A vida já não conta comigo, mas eu também já não conto com ela.

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